Confiabilidade em crise.

Cientificamente comprovado. Ou não? Por trás da aparente objetividade da literatura científica, esconde-se um universo repleto de aleatoriedade, fontes de viés e conflitos de interesse.

Com  esse título e essa chamada, Olavo Bohrer Amaral do Instituto de Bioquímica Médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro assina um artigo publicado na revista Ciência Hoje edição 303, com isso ele chama atenção para a confiabilidade das informações cientificas publicadas ao redor do mundo.


Um levantamento de artigos citados mais de mil vezes entre 1990 e 2003 na literatura médica mostrou que apenas 44% tiveram seus achados reproduzidos; dos demais, 14% foram contrariados por estudos posteriores. (ilustração: Caco Neves)
Como primeiro exemplo o autor descreve o caso das vitaminas antioxidantes que poderiam prevenir doenças cardiovasculares, encontrar algo que bloquei os radicais livres (oxidantes) que são liberados por alguns processos biológicos parecia ser o santo graal para uma vida mais saudável.

Na década 1990, estudos mostraram que o consumo de vitamina E estava associado a uma incidência menor de doenças cardiovasculares. Já em 1996, exames clínicos mostraram que a ingestão dessa vitamina diminuía em quase 50% o risco de infarto em homens com doenças coronárias. Baseado nessas informações médicos cardiologistas norte-americanos começaram a receitar indiscriminadamente vitaminas antioxidantes para seus pacientes. 

Porém ensaios clínicos posteriores não replicaram os benefícios cardiovasculares da suplementação com 
vitamina E. E para piorar alguns estudos mostraram que a suplementação com vitamina antioxidante aumentava o índice de mortalidade em alguns casos, com isso a pratica de suplementação deveria ser abandonada.

O autor continua apresentando o exemplo de antidepressivos tidos como de "segunda geração" que seriam muito superior aos anteriores a esses, e que mais tarde mostraram-se tão eficientes quanto pílulas placebo.

O artigo pode ser baixado e lido na íntegra no link: 

http://cienciahoje.uol.com.br/revista-ch/2013/303/pdf_aberto/confiabilidadeemcrise303.pdf  

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